O panorama atual apresenta desafios novos que ameaçam o equilíbrio entre a vida profissional, pessoal e até mesmo familiar.

O trabalho tem vindo a ocupar uma fatia de tempo cada vez maior na vida das pessoas e estar desocupado passou até a tomar uma conotação negativa. Os horários estão hoje sobrecarregados de tarefas, quer seja em adultos ou crianças, deixando mesmo, em alguns casos, de haver espaço para meras atividades de relaxamento ou simples reflexão.

Não há nada de errado em sermos pessoas ativas, mas a vida perde o seu significado quando nos tornamos em meros robots a realizar um conjunto de tarefas seguidas e não refletimos sobre a relevância ou o porquê das mesmas. A verdade é que este ambiente frenético traz um enorme desgaste a nível físico e psicológico, tornando as pessoas angustiadas, ansiosas e deprimidas (Portugal possui uma das maiores taxas de depressão da Europa).

Deixou de haver por parte das empresas espaço ou estímulo para uma análise pormenorizada das tarefas, do valor que acrescentam e da prioridade que apresentam. Isto faz com que os trabalhadores não entendam o contexto das mesmas, que as façam de forma mecânica e que entrem numa onda de frustração preocupante, já que atividades que podiam ser prazerosas viram obrigações.

Mas, não é trabalhar muito que gera stress. O que gera stress é ter uma rotina exaustiva na qual não conseguimos medir o impacto positivo das nossas ações ou ter uma série de reuniões improdutivas onde não sabemos qual o objetivo final a atingir.

Como podemos solucionar este cenário?

O autor americano Simon Sinek sugere-nos começar pelo porquê, pela importância para uma empresa, de definir o ‘porquê’ da sua existência e o ‘como’ as pessoas devem trabalhar. Ter um propósito permitindo que os trabalhadores se conectem emocionalmente com a empresa e não se resignem, mesmo nos momentos mais difíceis. Assim, mesmo que o percurso se vá modificando durante a jornada pelos imprevistos que vão surgindo, as pessoas vão ter uma perfeita noção da direção ambicionada, caminhando com autonomia e tomando as decisões que considerem mais benéficas para a empresa.

A um nível mais pessoal, seria interessante refletirmos sobre qual é o significado da vida. Se calhar nunca vai haver uma resposta a esta pergunta, mas o mais importante é que as pessoas definam os seus objetivos pessoais e guiem a sua vida com algo que lhes faça sentido, mesmo que seja algo muito maior do que elas, pois é isso que as motivará a fazer mais e melhor.

Aliás, um dos papéis mais importantes de um bom líder é fazer perceber à sua equipa o significado do seu trabalho, o seu impacto positivo, o seu ‘como’, ‘o quê’ e ‘porquê’, fazendo com os trabalhadores se conectem em prol de um objetivo comum, sentindo-se numa missão que lhes faz sentido.